Navegar é preciso!

Navegar é preciso!

Estamos para entrar na terceira década do século XXI e não podemos mais nos dar ao luxo de pensar o mundo com a cabeça dos anos 50 ou 60 do século passado. Não podemos imaginar as relações pessoais ou públicas da mesma forma. E isso vale para indivíduos, empresas, organizações sociais e até mesmo governos. O mundo mudou definitivamente seus padrões comportamentais, especialmente em decorrência de dois fenômenos: a globalização e a internet. Alcançar os objetivos hoje é navegar num mar de informações e revoluções tecnológicas. Ficar no passado é morrer.

Navegar é preciso, com todos os seus riscos. Hoje os consumidores tem o mundo na ponta dos dedos e a reputação, ou como as outras pessoas veem a sua marca – usando um conceito que pode se aplicar a todos, trabalhadores, profissionais liberais, artistas, celebridades, ONGs, empresas e governo, é essencial para a sobrevivência. Se navegar é preciso, viver também é preciso.

Assim, mais que moda, a gestão da reputação é uma obrigação. E gestão da reputação é essencialmente o que chamamos de compliance, num sentido amplo. Estar em conformidade com leis, regulamentos e normas profissionais sempre foi exigido de todos, mas nunca antes as informações sobre violações dessas normas foram tão acessíveis pelo consumidor. E agir conforme a lei não basta, temos que nos engajar nas grandes causas modernas. E aí mora o perigo.

Conectar-se com seus consumidores é essencial, mas não se pode reproduzir preconceitos, mentiras ou mesmo desinformação. E o envolvimento de todos em uma empresa é essencial para que isso acontece. De nada adianta milionárias campanhas publicitárias quando um vídeo de alguns segundos postado por em empregado ou executivo pode destruir todo o trabalho e excelência de uma marca.

E não há como dissociar uma marca dos seus stakeholders. Você é a sua essência, mas também as suas circunstâncias. Os seus fornecedores contam também para a reputação da sua marca. Ninguém gostaria de estar envolvido em uma denúncia de trabalho análogo à escravidão, por exemplo, porque na sua cadeia de fornecedores há empresas suspeitas da prática. É preciso diligenciar, não basta preço baixo para fechar com um fornecedor.

Além disso, especialmente em um país que as empresas são familiares, a conduta dos proprietários, especialmente daqueles que “representam” a marca no imaginário social, deve ser objeto de compliance. Se vivemos em uma época de plena liberdade de expressão, também vivemos em um mundo delicado e de muitos conflitos.

Tomar um lado em uma grande causa como o combate à COVID, ao racismo, ao sexismo, ou então na defesa dos democracia é importante, mas não se pode confundir essas grandes causas com valores menores como por exemplo o posicionamento político partidário. Partidos são parte de um todo por definição, excluem mais do que incluem, e, portanto, trarão esse problema para dentro do seu negócio.

O que fica de tudo isso é que a atividade de compliance é uma atividade de autocontenção, de racionalidade e sensatez. Cada vez é necessário se apoiar em profissionais especializados, inclusive advogados e gestores de crise. Estar em conformidade é importante, voltar à conformidade após uma crise é ainda mais importante. Compliance orienta comportamentos e políticas. Seja profissional!

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